Thursday, July 28, 2005

Uniformes

Não há nada mais humilhante e degradante nos dias que correm do que o uniforme. Quando se apregoa à liberdade individual de expressão e de identidade eis que algumas corporações teimam em mascarar os seus colaboradores de forma a que se crie a imagem corporativa.

Seja a imagem de gente feita com chapéuzinho e avental no McDonald’s quer seja o fato e gravata imposto aos caixas das instituições bancárias o Inspector Serra acredita que a imposição (mesmo que indirecta) de um traje é sinónimo de falta de liberdade e, assim, contrário à sociedade aberta que se pretende que exista.

Ora que porra… Então porque é que um tipo com um piercing na língua e manga de alça não há-de provar ser um excelente CEO da Portugal Telecom ou porque é que alguém de xanata e calção terá menos credibilidade que um individuo vestido de Zegna da cabeça aos pés?

Poderão dizer que tudo isto é capricho do Inspector Serra e que há casos em que os uniformes são necessários (como o caso das forças policiais) e que o Inspector Serra anda aqui a fazer uma tempestade num copo de água.

Desenganem-se amigos. A verdade é que a uniformização atinge outros patamares mais graves que levam à discriminação total e abrupta através dos poderes económicos e políticos. Está uniformizado que o tipo sério é homem, é caucasiano, heterossexual, tem mais de 35 anos, veste fato e gravata, tem sapato polido. Assim, qualquer mulher, negro, homossexual, jovem, surfista, adepto da calça da ganga não têm hipótese de vingar na vida senão se juntar ao grupinho ou ter de trabalhar a quadruplicar.

Vivemos na dita era da tolerância mas todos intoleramos. Todos fazemos preconceitos, todos olhamos de lado o tipo de “aspecto esquisito” sem o ouvirmos. Lembrem-se que até o Bill Gates ou o Steve Jobs andavam para aí de calção… seriam estúpidos então? Ou, se calhar, foi o fato e a gravata que os tornaram inteligentes?

Sejamos sérios,
Serra

Wednesday, July 27, 2005

Já está na hora, não está?

A ontologia da questão afecta imediatamente os nervos, quer seja pela pressão ou pela redundância do “não está” que torna a pressão paternalista. Obviamente a enervante questão pode ser colocada nos mais diversos contextos como por exemplo “Ó Odete, já está na hora de te deixares de politiquices e seres só palhaça de revista, não está?” ou “Já está na hora do Major Valentim ser posto atrás das grades, não está?” mas, a verdadeira questão que leva o Inspector Serra a escrever este post é o da malograda questão “Já está na hora de terem um filhote, não está?”.

Com a breca, afirma em espanto o Inspector Serra, já está na hora da malta ganhar algum juízo e se meter na sua vida, não está?

Será que não se percebe que esse tipo de questão se prende com o foro privado de cada casal e que só a eles diz respeito? É similar a, num jantar de convívio, o Inspector Serra se levantar para se dirigir à casa de banho e o Guedes lhe perguntar “Inspector!!! O Inspector vai cagar?” Ora quer numa questão, quer na outra a resposta é retórica e é a mesma: “Mas o que é que vossemecê tem a ver com isso?” (e atentem ao frio distanciamento causado pelo vossemecê…)

Já todos sabemos da necessidade que alguns patéticos habitantes deste planeta têm em se imiscuírem na vida dos outros daí o sucesso das revistas cor de rosa e do jornal 24 horas mas, qualquer dia, perguntam-nos “Tu gostas à canzana?” ou “Quantas dás por noite?”. Haja tino mas não o de Rans…

Interessante é também verificar que, na maior parte das vezes, são aqueles que orgulhosamente trazem pela mão pestinhas que fariam, ao comum dos mortais, tanta vontade em ter crianças como em ter lombrigas, que fazem sempre a questão “Então? Já está na hora… quando é que vai ser?”

Ora porra… vai ser quando eu quiser ou quando o azar me bater à porta e vocês? Quando é que vão ganhar alguma noção sobre quando falar e quando ficar calado?

Sejamos sérios,
Serra

Tuesday, July 26, 2005

O morto-vivo

Que a política estava podre já muitos o disseram mas, acredita o Inspector Serra, pela primeira vez a dita frase tem coerência no sentido literal e não apenas no figurativo.

É que parece que o Mário Soares conseguiu esgatanhar à força da unha o caixote de madeira onde estava enterrado e voltar à superfície térrea depois de estar já bem morto e enterrado. Depois de Jesus Cristo que ressuscitou eis que o bochechas também lhe seguiu as pisadas e, já há quem diga, que o dito defunto até pode seguir as pisadas sobre a água – resta saber se por ser “fish” ou por ser cadáver e, assim, não caminhar propriamente mas boiar.

O homem, compreensivelmente, por ter estado enterrado tanto tempo volta agora com sérias perturbações mentais e com um avançado estado de Alzheimer pois o Inspector Serra recorda-se de que a criatura afirmou há uns tempos que “a vida política se tem de renovar” e que “seria uma patetice (palavra tão acarinhada por quem nasceu no séc. XIX) voltar a candidatar-se”.

A verdade é que o reverso da medalha composto pelo burgesso algarvio também não prima pela beleza renascentista mas, pelo menos, este não vai gastar uns tostões do orçamento de estado em fraldas ou algálias presidenciais.

O protagonismo é, de facto, uma coisa tramada… e o raio do velho já devia estar era no lar de idosos e, assim, talvez ainda fosse recordado, um dia, com algum carinho… mas não; está visto que daqui a uns anos ainda o vão lembrar como “O tantã que era pai do ladrilhador”.

Sejamos sérios,
Serra

Thursday, July 21, 2005

Emissão extra de Faro

O Inspector Serra, como bom português, encontra-se em repouso no Algarve pelo que pouco ou nada se tem manifestado neste seu espaço de discussão.

No entanto, no decorrer do dia de ontem algo extraordinário aconteceu, o que motiva este, igualmente extraordinário, post.

Ora então, estava o Inspector Serra, na hora do racionamento da água – qualquer coisa como as 18.30 – no seu sofá, descontraído, a ver a pornografia e, eis que, enquanto mudava Playboy, Vénus, Vénus, Playboy, a coisa descontrolou-se e fui parar à SIC Notícias onde vi que o totó do Campos e Cunha dizia que estava cansado e que queria descansar, leia-se raspar-se do governo para fora.

A mão esquerda que estava entretida a coçar a tomatada rapidamente teve um espasmo com a notícia e a unha mindinha do Inspector Serra, que este usa para a sua higiene auricular cravou-se numa das “bolinhas” e teve de ir de urgência para o Hospital. Mais que o embaraço de chegar de unha cravada à masculinidade do Inspector Serra, do cheiro nauseabundo do sebo acumulado ao longo de um dia de agua com sal, areia e suor o Inspector Serra retia na ideia a demissão do nosso Ministro das Finanças:

Mas afinal o que é isto? Estava cansado? Mas andamos todos a brincar?

Interessa pouco ao Inspector Serra as razões que puseram o anormal a pôr-se a andar de lá para fora mas parece-me, no mínimo, que o gajo que pede sacrifícios ao país pudesse, ele próprio, fazer alguns e manter-se no lugar (mesmo engolindo alguns sapos) para o bem comum e a credibilidade do nosso país no estrangeiro.

O Inspector Serra calcula que, a juntar às anedotas dos padeiros e dos labregos, lá fora também já se façam chalaças com os ministros “dos portugueses”…

Lança também, o Inspector Serra, uma palavra de desprezo para o presidente da República que, em vez de sentar o Sócrates num joelho e o Cunha no outro e tentar fazer com que se entendam nem que para isso tivessem de levar uns açoites se deixa levar por esta parvoeira e, qual amnésico, se esquece que demitiu um governo por esta mesma razão.

E pronto, aqui da maca do Hospital são estas as palavras que o Inspector Serra deixa à comunidade e não se preocupem com a saúde do Inspector Serra pois parece que o corte foi apenas superficial e, portanto, não se deu a vasectomia artesanal que inicialmente se suspeitou.

Sejamos sérios, srs. políticos,
Serra

Friday, July 15, 2005

Fobias mediáticas

Não há nada como ver o telejornal para começarmos a ficar com suspeitas sobre tudo o que nos rodeia. A PJ veio agora a público afirmar que identificou 47 indivíduos numa operação contra a pornografia infantil.

O que baralhou o Inspector Serra é que disseram que estavam surpreendidos com as idades tenras dos alegados criminosos – falava-se em miúdos de 13, 14 anos – ou seja, tal é a fobia da pedofilia que, agora, até já se corre o perigo de os agressores serem mais novos que as vítimas. Irrita quando o poder mediático torna a excepção a regra e, tal como faz com que qualquer adulto que sorria a uma criança seja um potencial pedófilo, transforma imediatamente um indiano com uma mochila numa bomba relógio caminhante com um leve aroma a caril…

O Inspector Serra acredita que a visualização de noticiários, tal como os filmes x-rated, deveriam ser impedidos a pessoas facilmente impressionáveis. Mas quem é esta gente que acredita que colocaram Antrax na sua porta em Alfama ou os que avisam os sapadores por terem visto uma mala “suspeita” naquele local estratégico para a Al-Quaeda em Nisa?

É o que dá quando se passa mais tempo no sofá do que a socializar…

Sejamos sérios,
Serra

Thursday, July 14, 2005

Ser benfiquista

O Inspector Serra acredita que o futebol não é um gosto, não é uma paixão mas sim um vício… nada mais justifica a perda de 2 horas a ver um jogo de fraca qualidade com uma equipa da 3ª divisão da Suiça que até é a feijões. Mas o Inspector Serra gastou-os, juntamente com os restantes 13 milhões, 999 mil e 999 benfiquistas que existem, sem sequer hesitar.

As paixão morre, o gosto refina-se, o clubismo não, mantém-se perene e constante tal como a vontade do alcoólico em se embezanar ou do drogado em chutar para a veia.

Qualquer homem pode sucumbir à sedução de uma mulher mais atraente que a nossa (como se pode verificar por esse excelente programa da TVI – fiel ou infiel) mas a fidelidade é extrema em relação ao nosso clube; até podemos simpatizar com Chelsea, do Barcelona ou do Man. Utd mas, quando em batalha com o glorioso, viram imediatamente inimigos e somos incapazes de esboçar o mínimo de alegria com uma boa jogada da equipa adversária.

Ser benfiquista é ser fanático e, se alguém não o é, simplesmente gosta de encarnado (não é bem a mesma coisa)… o benfiquista culto sabe que no seio do seu clube habita a fauna mais estranha e grunha da sociedade, as gajas mais gordas e pacóvias – era muito melhor sermos do Sporting ou do Belenenses – mas, não conseguimos, não há força nem clínica de desintoxicação que nos liberte do inexplicável sentimento de família que temos no meio de labregos embriagados a meio da tarde ou gangs da cova da moura a quem nos abraçamos alegremente depois de um golo.

Houve outrora um poeta que disse que no coração dos homens apenas há lugar para um grande amor – o dos benfiquistas é o Benfica; o resto vem por acréscimo.

Sejamos sérios,
Serra

Wednesday, July 13, 2005

Afinal é três vezes menos...

Pois é…

O Dr. Constâncio veio a público dizer que afinal a previsão de crescimento do PIB deste nosso país à beira mar plantado já não é a de 1,6% mas sim de 0,5%.

Com a breca, diz, com razão, o Inspector Serra – o raio do homem que até há um tempo era (quase) unânime que era o perfil da competência começou agora ganhar cataratas e cada tiro, cada melro. Ornitologia à parte parece que cá, por terras lusitanas, o perfil da competência é o do low profile e o da pouca exposição pois quando os tipos começam a ser pró-activos e intervenientes é ver a enxurrada, qual tsunami, de disparates a serem largados pelas goelas das criaturas.

À mulher de César não bastava ser mas tinha de parecer. Ao Constâncio apraz dizer que não basta parecer mas tem, forçosamente, de ser.

É que todos os vaticínios do Oráculo Constâncio foram ao lado, e não passaram propriamente a arrasar o poste, senão veja-se: exportações de 7,5% para 2,7%; importações de 5,2% para 3,3% e o investimento que estava previsto crescer 1,7% afinal agora (prevê-se) vai descer 1.5% (este então é que esteve mesmo perto…)

Estas previsões saiem com a periodicidade das prováveis contratações do Benfica e dão tantas vezes certas como as mesmas… Diz o Dr. Constâncio: é o petróleo, a economia global tarde em acelerar, estamos a abrir os mercados à Índia e a China… “Bullocks” - afirma o cosmopolita Inspector Serra – está visto que quando não se sabe dançar diz-se que é o chão que está torto, pois os restantes países da EU (excepção feita para aí aos gregos e aos italianos, ainda mais mafiosos e malandrões que nós) terão melhores prestações!

Está visto que, a considerar tais precisas visualizações do futuro, o Dr. Constâncio (ou, como já é chamado, o novo Nostradamus) merece, ao tostão, os vários dígitos do seu vencimento e reformar-se daqui a dois ou três anos…

No final do ano veremos se será desta que acerta mas, ao Inspector Serra, parece que não.

O Inspector Serra deixa ao sr. Governador não uma previsão mas um conselho – o de nunca comprar um alvo de setas para a sua casa ou, se o fizer, trate de forrar a parede a cortiça pois está visto que pontaria é coisa que não abunda na sua pessoa.

Seja sério,
Serra

Tuesday, July 12, 2005

A instrução (ou a falta dela)

É certo e sabido que no nosso país não transborda educação tal como se pode ver pelos 70% de chumbos a matemática nos exames do 9º ano (e pensar que serão estes pirralhos a pagar a reforma ao Inspector Serra, ai, ai…) mas se há coisa que enerva mais o vosso amigo Serra do que esta falta de educação, é a falta de instrução.

Os substantivos são similares e estão intrinsecamente ligados entre si tal como a dentadura de um gebo está ligada ao palito mas têm as suas particularidades e, assim, as suas diferenças.

É verdade que uma pessoa educada pode não ter instrução mas é impossível uma pessoa instruída não ser educada. Obviamente, pelo menos 70% de pirralhos não entende o raciocínio, mas, como a audiência do Inspector Serra é malta de mestrado para cima, entende que o número de pessoas não instruídas é bem maior do o número alarmante de pessoas não educadas.

Não acredita? Acha que o Inspector Serra anda para aqui a divagar? Pois bem… vamos pegar no universo das pessoas educadas mas sem instrução – o universo que, no fundo, aqui está em estudo.

Como isto é um blog e não uma dissertação filosófica fiquemos pelos casos nítidos de falta de instrução e não vamos pelo caminho tortuoso e complexo da falta de instrução psicológica e que se manifesta no modo de tratar os outros ou da ética e moral.

Fiquemo-nos, portanto, na linha daquele tipo que usa a gravata como um babete – o que levará alguém a usar uma gravata assim, interroga-se o Inspector Serra – será que não sabe como se usa uma gravata? Nunca ninguém lhe ensinou? Será que faz o nó no escuro e tanto se lhe dá como sai a coisa? Terá sido uma promessa a Fátima? Não, meus amigos… é simplesmente um caso de falta de instrução recorrente na nossa sociedade.

O mesmo se passa com aqueles, muitos pessoas de extrema educação e posicionadas em altos postos da sociedade, que teimam em colocar as calças mais perto do pescoço do que da cintura… haja paciência…

A última que o Inspector Serra viu, com estes olhos que a terra há-de comer, foi o de uma senhora idosa, com ar de dondoca, que, ao ver uma mosca a pousar no cesto de pão do restaurante onde se encontrava, puxou da echarpe e, qual Indiana Jones, vardascou, literalmente, a mosca utilizando o tal lenço como chicote…

A falta de educação dá pena, mas a falta de instrução aflige!

Sejam sérios,

Serra

Thursday, July 07, 2005

Toca a avançar com as obras públicas!

Boa tarde.

Estas pessoas sábias que nos regem do poleiro do poder político continuam, para pasmo da alma do Inspector Serra, a nos surpreender. Desta vez foram mais dois coelhos que tiraram da cartola – o aeroporto da Ota e o TGV.

Há quem defina estes investimentos com pouco úteis, megalómanos, estúpidos até, considerando a situação do país mas o Inspector Serra, qual Sherlock Holmes, percebe bem o que o nosso governo pretende e repudia a crítica fácil que a generalidade dos cidadãos aponta a este executivo mediante tais decisões.

“É voltar à política do betão!” afirmam uns, “é dar dinheiro para os amigos” reiteram outros, “Dizem que estamos de tanga e precisamos é de aeroportos e TGV’s?” perguntam aqueles mais desconfiados…

O Inspector Serra sabe bem o que preocupa os nossos governantes e garante-lhes que estão a fazer o melhor para o bem estar dos portugueses. Passo a explicar:

Ninguém melhor que o nosso primeiro ministro e nosso ministro das finanças para saberem que o país está à beira do descalabro e que, pouco ou nada, se pode fazer por ele assim, julga ser sensato (e o Inspector Serra concorda) que se gastem os últimos “anéis” que ainda temos nos dedos na construção do aeroporto e do TGV que, como o próprio Sócrates diz, “Portugal não se pode dar ao luxo de estar fora da rede de alta velocidade europeia”.

Pensem, caros leitores. Em 2009, o país já estará a saque, a ferro e fogo, animais selvagens a passearem-se alegremente pelas estradas… Ora, se forem como o Inspector Serra, e não se quiserem aventurar a passar o Oceano Atlântico em alguidares espero que rezem muito para que o TGV e o aeroporto estejam feitos o mais depressa possível.

É que nessa altura o espírito do emigrante vai voltar em força e o Inspector Serra quer ser dos primeiros a embarcar no TGV e usar a rede de alta velocidade para se raspar em alta velocidade deste boteco fora…

Para aqueles que nos próximos ano já não tiverem estofo para aguentar o coma vegetativo do nosso Portugal façam-se ao mar em botes, porões de cargueiros, malas, etc… Consta que o governo já recrutou vários cubanos para virem dar acções de formação brevemente.

Sejam sérios,Serra

Tuesday, July 05, 2005

A fórmula mágica

Boa tarde.

É oficial. O povo português – aquele que dizem ser atrasado, grunho e porco – descobriu não a fórmula mágica que consegue transformar chumbo em ouro mas foi até um pouco mais além, retirando o chumbo da equação.

É verdade. O Inspector Serra sabe que o povo português consegue CRIAR ouro do nada e a solução, debaixo dos olhos de todos nós, incautos, encontra-se sexta-feira à noite e chama-se Euromilhões.

O português perdeu a fé no trabalho, na sociedade, na comunicação social, no governo mas é impressionante a inabalável fé e certeza que possuem quanto a acertar em cinco números e duas estrelas entre biliões de combinações possíveis. E assim, cada sexta-feira, antes de amachucar o boletim e do deitar fora em frustração, cada português acredita piamente que irá ganhar a taluda e realizar todos os sonhos que partilhou com os colegas de trabalho em todo o santo dia da semana.

Não sei quanto aos leitores mas o Inspector Serra enerva-se com esta gente que perde horas na fila para entregar os seus boletins, fazem “sociedade” com os colegas para aumentar as hipóteses ínfimas de ganharem ou, os mais dados à tecnologia, estudam, qual análise técnica bolsista, os números mais prováveis ou utilizam programas de computador especialmente criados para o efeito.

Escusado será sequer referir, caso o Dr. Constâncio faça a análise, a quebra no PIB que se cria à 6ª feira mas, igualmente curioso, é o facto de Portugal ser o país que mais boletins atira para a tômbola. Já não há pachorra para estes gajos que continuam a pensar na galinha dos ovos de ouro e não se dão ao trabalho…

Para mais esta malta que faz estilo de vida colocar cruzinhas no papel apenas aceita como justo e correcto aqueles que à conta de herança ou também do jogo fizeram fortuna, vêem-nos com bons olhos, tratam-nos com o Sr.X ou Sr.Y e gabam-lhes o estilo de vida pachorrento e descontraído mas, já aqueles que fizeram fortuna com o seu trabalho e esforço, apelidam-nos de impostores, ladrões, malandros, hipócritas, etc. e tal. Muitos deles são os mesmos que lhes proporcionam as tais sexta-feirazinhas para irem para as filas do café dar beijinhos de boa sorte nos boletins.

Pior, estes amigos, quando não estão no Euromilhões, têm equipas na liga Record, inventam jogos na Internet, candidatam-se ao um contra todos e ao jogo do preço certo com o outro gordo irritante… É vê-los, abraçados ao gordo, com aquelas famílias que não lembram ao diabo, a saltar alegremente…

O Inspector Serra, sério analista do comportamento humano, sugere a todos os gestores de topo e visionários que sabe serem seus leitores assíduos para fazerem nas suas empresas o seguinte:

Criem um jogo: pode ser estilo risco, monopólio, futebol, estratégia, o que quiserem. E depois interliguem a actividade empresarial com o próprio jogo. Se terminar o projecto até dia 30 ofereço-lhe “dinheiro” para ir comprar o Ronaldo ao Manchester United ou se atingir os objectivos do mês fica com tropas que lhe vão permitir conquistar a Prússia ao seu irritante colega do lado.

Está visto que esta mentalidadezinha tacanha não muda e, cabe a quem está acima disto, motivar e levar, qual criança, esta malta a fazer alguma coisa.

É que, tal como o tuga nunca vai deixar de cuspir no chão, também nunca vai trabalhar pelo simples facto de ver um trabalho bem feito.

Se a teoria do jogo não der certo, contratem o gordo, a loura mamalhuda e vão todos brincar com a roda e com os preços certos enquanto esperamos que este país vá todo pohqueeeeralho!!!!

Sejam sérios,
Serra

Monday, July 04, 2005

Brasileirização

Bom dia.

Foi já no dia 1 de Julho que este nosso governo, sempre zeloso em relação ao bem estar dos cidadãos, tomou a decisão de aumentar o IVA não 1 mas 2% como quem diz “Olha… já que os gajos vão ficar lixados connosco o melhor é aumentar já aos 2 para ficarmos a jogar em casa”.

O Inspector Serra está em condições de avançar em primeira mão que este aumento é apenas mais uma peça na engrenagem de um plano, que vem sendo aplicado há anos, de tornar Portugal num país sul-americano.

Duvida, caro leitor? Ora então veja as claras evidências que apontam para a brasileirização do nosso país à beira mar plantado:

- Nunca a nossa equipa de futebol foi tão aclamada. E temos imensos jogadores “bons de bola” como o Ronaldo que, mais que tudo, gostam é de “dar espectáculo”

- As nossas meninas não dispensam ter cerca de 4.000 pares de havainas no armário

- Nas praias é só ver gente de fio dental e sunga

- Até já ganhamos ao Brasil no Volei

- Anda toda a gente a contar tostões mas parece que para o futebol e para a praia há sempre tempo e dinheiro

- Fazemos telenovelas à pazada e até já exportamos actores para a rede Globo

- A corrupção está completamente instalada na sociedade e os portugueses definem os corruptos, de um modo convicto, como “Estes é que são espertos…”

- Há arrastões nas praias

- Temos um Cristo Rei

- Temos um gajo que, qual Ayrton Senna, foi ao pódio na Formula 1 no seu ano de estreia (não interessa quantos lá estavam a correr)

- O Rock in Rio é em Lisboa

- Nas mensagens de SMS e nos Emails cumprimentamos a pessoa com “OI”

- Nunca houve tanta gente em Portugal a andar de manga de alça pelas ruas

- Estamos com um clima tropical e não chove há meses e meses a fio

- Há praticamente mais gente a falar brasileiro do que português em Lisboa

- Tudo quanto é criativo nas agências de publicidade são brasileiros

- A picanha tornou-se um prato típico português

E estes são apenas os exemplos que o Inspector Serra se lembrou nos poucos minutos que tem para realizar este post...

Pois é, caros amigos, o Sócrates anda a fazer jogo de cintura (ou a sambar, se preferirem) para pôr o Inspector Serra a viver na penumbra e a falar com sotaque.

Mas, macacos me mordam, se o Inspector Serra deixará isso acontecer! Nunca!!! Ou o Guedes não se chama Vanderlei.

Sejamos sérios,
Serra