Uniformes
Não há nada mais humilhante e degradante nos dias que correm do que o uniforme. Quando se apregoa à liberdade individual de expressão e de identidade eis que algumas corporações teimam em mascarar os seus colaboradores de forma a que se crie a imagem corporativa.
Seja a imagem de gente feita com chapéuzinho e avental no McDonald’s quer seja o fato e gravata imposto aos caixas das instituições bancárias o Inspector Serra acredita que a imposição (mesmo que indirecta) de um traje é sinónimo de falta de liberdade e, assim, contrário à sociedade aberta que se pretende que exista.
Ora que porra… Então porque é que um tipo com um piercing na língua e manga de alça não há-de provar ser um excelente CEO da Portugal Telecom ou porque é que alguém de xanata e calção terá menos credibilidade que um individuo vestido de Zegna da cabeça aos pés?
Poderão dizer que tudo isto é capricho do Inspector Serra e que há casos em que os uniformes são necessários (como o caso das forças policiais) e que o Inspector Serra anda aqui a fazer uma tempestade num copo de água.
Desenganem-se amigos. A verdade é que a uniformização atinge outros patamares mais graves que levam à discriminação total e abrupta através dos poderes económicos e políticos. Está uniformizado que o tipo sério é homem, é caucasiano, heterossexual, tem mais de 35 anos, veste fato e gravata, tem sapato polido. Assim, qualquer mulher, negro, homossexual, jovem, surfista, adepto da calça da ganga não têm hipótese de vingar na vida senão se juntar ao grupinho ou ter de trabalhar a quadruplicar.
Vivemos na dita era da tolerância mas todos intoleramos. Todos fazemos preconceitos, todos olhamos de lado o tipo de “aspecto esquisito” sem o ouvirmos. Lembrem-se que até o Bill Gates ou o Steve Jobs andavam para aí de calção… seriam estúpidos então? Ou, se calhar, foi o fato e a gravata que os tornaram inteligentes?
Sejamos sérios,
Serra