Wednesday, March 08, 2006

Casa Pia

Hoje, na rádio, o Inspector Serra voltou a ouvir falar desta sitcom de comédia que se chama processo Casa Pia. Parece que ainda andam para lá uns gajos a falar disto enquanto o Ritto e o Cruz andam por aí a passarinhar os BM’s e a curtir férias em Vilamoura.

Pelo andar da carruagem o próximo argumento de defesa do Sá Fernandes e amigos é o de que “Coitadinhos… não podiam ser eles… eles nem a conseguem pôr em pé…”

E verdade seja dita, mais uns tempinhos e o argumento é mesmo verídico se é que já não o é agora!

Sejamos sérios,
Serra

Tuesday, March 07, 2006

Pawns

Desde já chamo a atenção para não confundir o título com Prawns (gambas) embora em inúmeras situações apetecesse que estes peões que circulam pelas nossas avenidas ou estradas fossem algum tipo de marisco, estilo sapateira, para lhes podermos dar umas valentes marteladas.

No xadrez são logo os primeiros dados à morte, os peões, acima de tudo porque valem pouco: apenas andam um quadradinho, só comem as peças imediatamente na sua diagonal, enfim… são estúpidos, broncos e preguiçosos ou seja, são peões. Não é por acaso que os transeuntes da nossa praça assim se chamem pois padecem das mesmas características. É raro não ver um destes cabrões a fuçar por entre os carros quando o seu semáforo está fechado e, mesmo assim, caminhar, sem qualquer pressa, com um sentimento de imortalidade em frente a um camião TIR parado para sua excelência, o peão, passar sem pressa o quente alcatrão da estrada.

Um condutor quando passa um sinal vermelho é um assassino, um peão é simplesmente um gajo com pressa. Nas passadeiras já aconteceu ao Inspector Serra ver um cabrão de um peão à espera para passar e, com o seu espírito cívico, o Inspector pára para lhe dar passagem quando eis que o cabrão faz sinal com a mãozinha como quem diz “passe, vá, despache-se” como se fosse polícia sinaleiro. Estaria ali na passadeira a coçar os ditos cujos? Ou era só para enganar quem conduz?

Ai, ai, ai se esta vida fosse um jogo de xadrez muito peão havia de ser atropelado pelo meu cavalo!

Sejamos sérios,
Serra

Friday, March 03, 2006

At first sight

Chamem o Inspector Serra preconceituoso mas há gente que, à primeira vista, entra logo para a black list.

Nem sequer os ouvi falar, não lhes permiti exprimir as suas ideias ou as suas crenças, não quis histórias de família, rejeitei episódios de empregos ou colegas, afastei comentários a amigos ou conhecidos; simplesmente pus o tipo de lado. É segregação, bem sei, mas ela existe em mim. Tal como aquele sinal de nascença que nunca gostámos ou o dente encavalitado que teima em nunca se endireitar, a segregação corre no meu sangue e, por muito livro que se leia, muita instrução que se tenha ou muita reflexão que se faça não desaparece…

De carecas com alguns cabelinhos compridos que teimam em os pentear com gel, armados em estilosos, enquanto jantam no Olivier, a fumar charuto, de fato e gravata empunhando os seus botões de punho, orgulhosos, como se de pistolas de prata se tratassem apenas tolero duas coisas: silêncio e distância. É como uma porta sinalizada com o letreiro “Entrada para o Inferno”; ora, não é preciso abri-la para saber que o que de lá vem não é coisa boa… o mesmo se passa com estes gebos!

Outros que não lhes permito sequer a aproximação são sarnosos, piolhosos, armados em Che Guevaras que enquanto colam posters do Bloco de Esquerda por Lisboa fora vão tilintando uns guizos que teimam em amarrar às calças ou a uma mochila pestilenta.

A lista poderia estender-se, quase infindavelmente, mas o tempo é curto tal como a paciência e portanto fiquemos por esta breve ideia. Talvez tenha perdido algumas boas conversas e bons convívios devido a esta minha segregação espontânea mas decerto ganhei muita paz de espírito.

Sejamos sérios,
Serra

Thursday, March 02, 2006

País das Cadernetas

Um país onde há gajos que actualizam cadernetas é um país condenado a definhar num mar de ignorância e atraso. Tudo isto para dizer que ainda há bem pouco tempo, quando estava o Inspector Serra a levantar dinheiro, lá se encontrava uma criatura a actualizar a dita cuja.

Já a própria existência de dinheiro, numa sociedade que se quer electrónica, é algo rudimentar quanto mais ter talões, cadernetas, papéis em geral. A simples existência de papel é algo atrasado já para não ir às implicações ecológicas que a mesma traz consigo. Ocupa espaço, faz confusão, lixo, dá calo nos dedos escrever com caneta… Hoje, o tempo mais perdido que posso recordar, foi, sem dúvida, o perdido a treinar a caligrafia; a rabiscar em caderninhos, qual pauta musical, G’s desenhados e Z’s artísticos. Tudo hoje sem sentido e sem significado.

Nitzsche dizia que “Deus morreu” mas ele está vivo… e bem vivo… basta ver a cambada de gebos que percorrem as estradas rumo a Fátima, de colete fluroscente, a carregar velinhas e a povoar igrejas aos domingos… tal como o papel, o talão da registadora, a factura, o recibo, os cartões de visita, tudo o que acarreta atraso….

Vivemos com clips, agrafos, furadores, fita cola, tesouras e envelopes… Afiamos lápis, vamos ao banco buscar extractos da conta, ficamos manhãs em filas de repartições de finanças, na loja do cidadão… embrulhamo-nos em burocracia e em métodos que em outras países lembram a pré-história.

Questionamo-nos como estamos na cauda do desenvolvimento, enquanto carregamos a enxada no ombro e vamos à CGD actualizar a caderneta.

Sejamos sérios,
Serra

Wednesday, March 01, 2006

Walk the line

É certo e sabido que a distância mais curta entre dois pontos é, e sempre será, uma linha recta e, a questão que o Inspector Serra se coloca, é a de porquê o ser humano, quando não se encontra com vários garrafões de tinto a circularem-lhe pelo sangue, não a consegue manter pela sua vidinha fora…

No fundo é mais forte que nós. As dúvidas que nos assolam desde os Neanderthals mexem com a nossa existência e levam-nos a questionar se de facto a puta da linha é mesmo o caminho mais curto e eis-nos a fazer inversões do sentido de marcha, a virar para becos sem saída ou a metermo-nos em estradas só para residentes não com intenção ou premeditação mas, simplesmente, porque a coisa assim foi.

Houve o ano em que o Gondomar veio espetar dois secos ao glorioso no estádio da Luz. Não porque eram melhores, não porque o Major os tinha supermotivados com a promessa de torradeiras em caso de vitória mas tão só porque assim foi… O mundo não corre em linhas rectas e muito menos corremos nós constantemente a circular por caminhos de terra batida, com muito pneu furado e jantes riscadas pelos calhaus que brotam da lama.

Não respeitamos o alcatrão. Afinal porque devemos nós seguir o trajecto traçado por algum gajo borbulhoso saído do Técnico? Dá-nos para arrancar, qual aventureiro, por uma estrada secundária e sempre, ou quase sempre, damos por nós a dizer “FODA-SE”, voltar à auto-estrada e continuar a tentar percorrer a linha da melhor forma que sabemos, certinhos, sem ultrapassagens pela direita ou raspanços nos rails…

É melhor assim, até os GPS estarem mais divulgados um gajo ao desviar-se da sua linha acaba sempre por se perder.

Sejamos sérios,
Serra