Monday, August 01, 2005

O mercantilismo moral

Tudo se vende, tudo se compra. A máxima está enraizada na cultural capitalista que vivemos depois de ter sido plantada por esse velhinho, o Uncle Sam, há uns anos a esta parte.

De facto, a máxima portuguesa de que “há coisas que o dinheiro não compra” foi afogada em coca-cola e hamburguers do MacDonalds e poucos serão aqueles que evitarão uma inocente gargalhada quando algum idoso pré-histórico refere tão ultrapassado provérbio.

No dia, como o de hoje, em que até o Benfica (vulgo glorioso) decide vender o nome do seu estádio é sinal de que a moral foi cremada e espalhada aos sete ventos. Terão os filhos do Inspector Serra que dizer: “Pai Serra, podes levar-nos hoje ao estádio BES para ver jogar o Toshiba?”. Sim… porque se vendem o nome do estádio, o do clube vai a seguir. E, para não falar, que, de há anos a esta parte, o marketing já arruinou o equipamento vermelho e branco do glorioso e é vê-los a jogar de amarelo ou de roxo…

Sexo sempre se comprou, a felicidade (por muito que nós, pobres, não o queiramos admitir) também se arranja, o orgulho e a decência são trocados diariamente em programas televisivos por torradeiras e micro-ondas e, agora, até as instituições que representam milhares e milhares de pessoas vendem a sua alma em troca de alguns tostões…

Será que o Engº Sócrates equaciona colocar espaço publicitário na Bandeira Nacional? Outdoors no Palácio de São Bento? Intervalos nas sessões da Assembleia da República para vender pipoca e refrigerantes?

Estaremos todos assim tão mal de alma que já não paramos um pouco para pensar? A dignidade será tão facilmente adquirida?

Chamem pré-histórico ao Inspector Serra mas antes pobre e digno do que me ver multimilionário sem orgulho nem moral.

Sejamos sérios,
Serra

2 Comments:

Blogger GoncaloCV said...

Caro Inspector, permita-me que discorde.

A prática dos "Naming Rights" é usada há muito tempo nos EUA sem que isso tenha significado um decréscimo de paixão dos adeptos pelos seus respectivos clubes, antes pelo contrário. Na lógica do desporto como negócio, e se tivermos em conta as ambições legítimas do Sport Lisboa e Benfica, um contrato como este não pode ser posto de parte.

O Benfica mostra aliás, uma vez mais, o vanguardismo nesta área específica, em termos de inovação e criatividade: naming rights das bancadas (copiadas pelo Porto e este ano pelo Sporting), novo cartão de sócio com regalias e descontos para os sócios (o Sporting e Porto querem fazer algo semelhante), Stadium Naming Right único em Portugal.

Acompanhe quem puder.

O Benfica é cada vez mais um Clube sério.

4:11 PM  
Blogger Inspector Serra said...

Que o Benfica está sempre à frente dos outros clubes regionais que povoam o país o Inspector Serra já sabe...

Agora querer comparar a família benfiquista e a paixão que nutre à camisola vermelha aos camones do Ohio e aos seus "Ohio Pirates" ou qualquer coisa assim é levar a imaginação aos confins!!!!

A JB pode dizer o que quiser mas, para o Inspector Serra, há muita tradição que devia continuar a ser o que era!

Serra

4:22 PM  

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