Carris e tremoços

Os carris estão para a vida como os tremoços para a cerveja.

Tal como uma bela e gelada Heineken sabe sempre melhor com um tremoço salgadinho ao lado também a vida, quando levada sobre carris, desliza mais suave e parece-nos uma viagem bem mais tranquila e aprazível do que quando somos carregados por uma estrada de terra batida enfiados no vagão de uma carrinha de caixa aberta. No fundo parece-nos porque é. Existem aqueles que preferem fazer a A1 Lisboa / Porto no seu bólide pagando portagens, com atenção ao tipo que se mete na faixa sem pisca, sempre de olho nos buracos que a auto-estrada teima em deixar intocados. Dizem que é mais rápido e mais prático mas, para o Inspector Serra, não há nada como a viagem de Alfa, tranquila, descansada, sem solavancos. Tal como nada substitui os velhos tremoços por muito que nos tentem impingir Doritos, batatas fritas ou salgadinhos da tanga.

Os carris, tal como os tremoços estarão para ficar, perenes, olhando gira-discos, disquetes, rádios e um sem fim de objectos caírem em desuso e em desgraça.

Há coisas que o desejo perpetua através dos tempos. Coisas que queremos hoje tal como os nossos pais ou avós queriam no seu tempo. Carris e tremoços serão sempre duas delas.

Sejamos sérios,
Serra