Thursday, June 30, 2005

Os suíços

Boa tarde.

Existem países que enervam o Inspector Serra: A Grécia (por nos ter ganho no Europeu), os EUA (pela vasta população de grunhos que alberga), a China (pela política do formigueiro trabalhador que teima em stressar e arruinar as cigarras europeias que alegremente tentam viver a vida a cantarolar)… Enfim, a lista é imensa e, ela própria, poderia servir para um post mas existe um país que enerva particularmente e que tem lugar cativo no 1º lugar do pódio do coração do Inspector Serra – a Suiça!

Poderão os leitores questionar: “Mas porquê, Serra? São os relógios? Os chocolates? As vacas a pastarem pela montanha que te enervam?”. O Inspector Serra a todas essas questões que borbulham na mente dos leitores apenas incita à calma e recomenda os próximos parágrafos para lhes acalmar o espírito.

O que enerva na Suiça é a sua tendência para a neutralidade. A Suiça é, desde sempre, um país neutro; um país que se alheia das questões do bem comum para se preocupar com ela e que não toma decisões (um pouco à imagem dos nossos políticos) para não tomar a decisão errada ou a que menos lhe convém. Tenta agradar a gregos e troianos e vende a alma para isso. É o que, um homem do povo poderia chamar, um país de coninhas interesseiros!

Se esses cócos estivessem lá desterrados entre Alemanha, França, Itália e os outros 300 países que fazem fronteira com a coisa, tudo bem, o Inspector Serra continuaria enervado mas não preocupado. Mas o Inspector Serra está preocupado, e muito, e isso devido a haver uma tendência de expansão de suíços, qual franchising, pelos outros países, não em termos de nacionalidade mas de atitude.

Portugal, por exemplo, é o caso típico. A larga maioria dos portugueses é Suiça mas sem o saber. O espírito suíço apoderou-se da sua mente e, se ainda não se manifestou na forma dos calções, da meia pelo joelho e cantoria pelas montanhas, o espírito da neutralidade afectou toda a gente.

Para notarem a veracidade da investigação do Inspector Serra atentem a que, quando confrontado com um problema, o português identifica-o, propõe soluções mas termina o seu discurso, inevitavelmente, com a frase (sintomática do vírus suíço da indiferença) “mas estou-me a cagar!” ou seja, afirma ser neutro e que não tomará nenhuma atitude no sentido de resolver o problema ou, pelo menos, tomar uma posição.

O português é tão mais sujeito ao vírus suíço uma vez que também tem o espírito marinheiro o que o leva não só à neutralidade do “estar a cagar” mas também ao “deixar-se levar pela maré”, qual caravela à deriva pelo vasto oceano, na continuidade da nossa bela história dos Descobrimentos.

Atenção, povo. O Inspector Serra sabe que não há medicamento algum que a Bayer ou a Pfizer possa lançar para combater o espírito de indiferença e neutralidade causado pelo vírus suíço. A única solução é mandar fora os Ómegas, os Patek Philippe, os chocolates Milka… tudo borda fora! E depois, combater este espírito de indiferença, de apatia e de neutralidade que nos parece afectar. Toca a tirar da mente tudo o que de suíço lá está escondido! Não são os neutros que fazem a História e nós, portugueses, são um povo de História e de histórias bem engraçadas como por exemplo a do Arq. Taveira e companhia…

Sejamos sérios!
Serra

Entrevista ao Inspector Serra

Boas tardes.

O mediatismo do Inspector Serra espalha-se à velocidade que os brasileiros se instalam em Lisboa e, como tal, o Inspector Serra decide dar a sua primeira entrevista a um meio de comunicação da praça.

Assim, podem consultar as respostas sábias do Inspector Serra nesse blog meio abichanado mas simpático - o http://www.almiscarado.blogspot.com.

Seja sério, almiscarado.

Serra

Tuesday, June 28, 2005

Foda-se que hoje não me lembro de nada para escrever, caralho!

Há quem diga que o Inspector Serra diz muito palavrão gratuito. A quem o diz mando-os, respeitosamente, para o caralho e, como não estou nem com a imaginação nem com a pachorra para escrever nada, presenteio-os com um texto de um fuinha, orelhudo, bloquista que tem duas gémeas boas como filhas (mas sem nada na cabeça). O Miguel pode ser tudo isso mas partilha, e de que maneira, dos sentimentos do Inspector Serra:

"Já me estão a cansar... parem lá com a mania de que digo muitos palavrões, caralho!
Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral. Acho-os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar... mas dialogar com caracter! O que se não deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro-os na perspectiva literária! Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que têm, é como se estivéssemos a desinfectá-los, a torná-los decentes, a recuperá-los para o convívio familiar. Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante.
Dizer "Tenho uma verruga no caralho" é inadmissível. No entanto, dizer que a nova decoração adoptada para a CBR 900' 2000 não lembra ao "caralho", não mete nojo a ninguém. Cada vez que um palavrão é utilizado fora do seu contexto concreto e significado, é como se fosse reabilitado. Dar nova vida aos palavrões, libertando-os dos constrangimentos estritamente sexuais ou orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercício de libertação.
Quando uma esferográfica não escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta... não escreve!", desagrava-se a mulher que se prostitui.
Em Portugal é muito raro usarem-se os palavrões literalmente. É saudável. Entre amigos, a exortação "Não sejas conas", significa que o parceiro pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas diárias. Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com satisfação até parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos "Foda-se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja passível de ser sexualmente assaltada. Por ex.: quando o Mário Transalpino "descia" os 8 andares para ir á garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda-se"!! não existe nada no vocabulário que dê tanta paz ao espirito como um tranquilo "Foda-se...!!". O léxico tem destas coisas, é erudito mas não liberta. Os palavrões supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam-me. São violentos.
Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar após três quartos de hora, "ai o caralho...", sem que daí venha grande mal à família, um chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recém-chegado do Kit-Market ou do Aki, perde uma peça para a armação do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde é que se meteu a puta da porca...?", está a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades.
Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina", "prepúcio", "glande", "vulva" e escroto". São palavrões precisamente porque são demasiadamente ínequívocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no ânus de Judas". Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como "fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e maçudo, prestando-se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular "esgalhar um pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de um treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."
Miguel Esteves Cardoso


Só uma sugestão, Miguel… Eu teria colocado em vez do “Eu faço o que posso”, “Sejam sérios!”

Serra

Thursday, June 23, 2005

Bombocas & co.

Há coisas que intrigam até personagens como o Inspector Serra ou o Prof. Cavaco que não se enganam, não têm dúvidas mas, ainda assim, se intrigam.

O dicionário de língua portuguesa define o verbo como o acto de “causar estranheza” e se há coisa que causa estranheza ao Inspector Serra não é o cliché do que cá andamos a fazer pelo mundo, ou de onde viemos nem tão pouco se existe vida em outros planetas mas sim, e tão só, a questão – para onde foram parar as Bombocas?

Chamem-me lá, por favor, o Peter Drucker ou outro guru qualquer do marketing para me explicar o que aconteceu. É que se pegarmos na regra dos 4 P’s – Product, Placement, Price e Promotion – é estranho o porquê do desaparecimento das bombocas pois era um produto do qual todos gostávamos, estava em tudo quanto era supermercado, não me lembro de nunca ninguém ter ficado sem bomboca por causa do preço e ainda hoje todos nós sabemos do que se trata portanto a publicidade fez o seu papel..

A verdade é que o Inspector Serra, que consegue encontrar agulhas em palheiros, não dá com bombocas… isso enerva-o e o Guedes é que apanha com valentes bombocas na cremalheira.

Será que é a globalização que anda a conspirar contra esses produtos de classe internacional? É uma cabala que faz com que a Olá retire o Fizz Limão da lista ou troque a pastilha do Epá por umas coisitas coloridas com raquitismo? E onde é que param os bombons da Regina? A única explicação é realmente uma teoria da conspiração pois aqui não se aplicam as mais básicas regras de gestão – as regras do bom senso – não quando há alguém que decide retirar ou ocultar as bombocas do mercado.

É um crime o que fizeram com as bombocas e todos esses outros produtos maravilhosos que por ai andavam à mão de semear.

Retirá-los das prateleiras dos supermercados e empurrá-los para os ghettos dos nossos imaginários. Tsss, tssss…

SHAME ON YOU, SENHORES GESTORES.

O Inspector Serra vai iniciar a operação “Onde pára a bomboca” onde pretende recrutar todo e qualquer leitor deste blog para o auxiliar, montando várias milícias populares para o efeito.

Toca a procurar a Bomboca como se de o Wally se tratasse...

Sejamos sérios nesta nossa missão, companheiros.
Serra

Wednesday, June 22, 2005

A calúnia cobarde

É verdade, caros leitores. O Inspector Serra anda a ser caluniado por aqueles que desdenham a lei e a ordem por esse ciberespaço fora.

O último a fazer tal gracinha foi um tal de AR no seu blog http://www.almiscarado.blogspot.com onde quer fazer crer que o Inspector Serra fazia parte do colorido grupo musical “Village People”.

Ora bem, meu caro AR, muito me apraz que tenha retirado das paredes do seu quarto os posters do seu grupo musical favorito de modo a digitalizá-los e prestar esta “pequena homenagem” ao Inspector Serra. Bem sei que os comboizinhos que fazia, mascarado de Índio, lhe valeram concerteza muito contacto e muito tacho por esse Portugal fora. Ou pensa que o Inspector Serra não sabe, com o seu dom de investigador, que AR são as iniciais do seu “côdiname” Anilha Rebentada?

Bem sei que cantarolava semi-nu, na varanda, com uma vassoura a fingir ser a sua guitarra, os últimos sucesso dos Modern Talking. Bem sei que vibrava com o George Michael e, várias vezes, foi apanhado com a maquilhage da sua mamã, qual caga-na-saqueta, a imitar o Boy George.

Não deixe influir os seus recalcamentos para a personalidade masculina e viril do Inspector Serra, caro AR. Eu acredito que para si ainda existe a salvação e ela passa por renegar esses seus instintos rabilós. Freud iria sugerir-lhe livrar-se desses icons abichanados como os posters dos Village People, os tutus do ballet, aqueles sapatos de salto alto com que tanto gosta de se passear pela sala… enfim… toda aquela lista…

Entretanto passa ao lado da xoldra com um aviso AR. Mas tome cuidado senão o Serra apanha-o pelo cachaço e faz de si trinta por uma linha!

Seja sério.
Serra

Monday, June 20, 2005

O (es)pasmo da habituação

Boas tardes, leitores.

É com mágoa e algum sentimento de confusão que o Inspector Serra sente que parece que já nada surpreende, indigna ou revolta um português.

Quer dizer, muitas das vezes o tuga revolta-se mas ou por razões completamente idiotas ou erradas, ou, mesmo que seja por uma razão plausível, pensa que um insulto duro e veemente – um bom “Vai para o c*ralho, ò filho da p*ta!” - corrige a situação e pensa para com os seus botões “Este da próxima vez já vai pensar duas vezes antes de ultrapassar pela direita!”.

O espaço para a indignação institucionalizou-se. Parece-nos normal a existência de um drogado em cada local de estacionamento vago e o pagamento de 50 cêntimos como um pagamento justo para o serviço que prestou ao assinalar o lugar com o receio de riscar a pintura metalizada que tanto orgulho nos dá. Ou seja, pactuamos com o criminoso damos-lhe uma palmadinha nas costas e, às vezes, há quem ainda lhe peça desculpa por só ter 30 cêntimos ao que o agarrado faz ar de mau e, qual autoridade nacional, ainda diz “Vá lá… desta passa…”.

Mas o que é isto??? O mesmo tipo que passa por um velho doente ajoelhado na rua e olha para o céu enquanto passa com desdenho e superioridade está ali, qual cordeirinho, a pedir desculpas ao “Rei do parking lot” para não lhe riscar o popó. Mas onde está a lei? Apenas onde está o Inspector Serra???

Outro evento que arreliou a revolta ao Inspector Serra foi uma exposição qualquer de carros que alguns labregos se lembraram de fazer lá para o Norte de modo a mostrarem orgulhosamente os seus Fiat 600 e Dyanes… Enfim… houve lá um mestre carpinteiro que aproveitou um desses chaços e fez a carroçaria toda em madeira.

Entretanto, vê-se na televisão, o mano a guiar, todo satisfeito, pelo IP5 a apitar alegremente… Ora vamos lá ver… um tipo é multado por não ir à inspecção, por não ter o colete, por não ter os pneus do diâmetro que está no livrete, enfim… 1001 coisas… E vemos o outro gebo a passear-se no carrinho de nogueira feito pelo Gepeto e está tudo bem… é giro… até o comum dos tugas, enquanto bebe a sua cervejinha e está de manga de alças branca abancado no sofá em vez de pensar “Mas o qué esta merda? Eu sou multado por não ter o selo e este gajo anda a conduzir uma coisa que tem galhos no para-choques?” não… já o estou a ver a gritar para a cozinha “ò Maria, anda cá ver isto!!!”

Olha que porra hem… é este o país que temos? É para isto que um gajo anda a apertar o cinto?

Colegas da PJ, toca a perseguir estas situações a que nos acostumámos mas a que tem de ser posto cobro e rapidamente. É que a habituação em excesso leva ao vício e esse, em massa, ninguém o remove!

Comece-se por meter os agarrados a trabalhar e pegar fogo ao carrinho de rolamentos do labrego marceneiro.

Sejamos sérios,
Serra

Friday, June 17, 2005

Marcha contra a Criminalidade

Boas tardes, amigos da autoridade.

É oficial. O Governo Civil de Lisboa deu hoje luz verde à manifestação do próximo sábado contra os incidentes do último fim-de-semana na praia de Carcavelos.

A tal manifestação que se auto-intitula “Marcha contra a Criminalidade” vai circular pelo Martim Moniz com cartazes que, como os mesmos adiantam, andarão à volta de ideias como “imigração igual a crime”.

Apraz-me saber que as pessoas se organizam na defesa do interesse colectivo do país.

Um grande URRA para os organizadores de tão brilhante iniciativa!

O Inspector Serra sabe até que, com os claros efeitos produtivos que esta manifestação decerto trará (as melhores sondagens apontam para uma quebra de 50% de criminalidade já para domingo), estão a ser organizadas novas iniciativas que lhes transmito em primeira mão:

- Manifestação “Marcha contra a Criminalidade” no Martim Moniz (a decorrer)

- Peditório porta a porta na Damaia com o título “Um Euro para os corrermos para África”

- Meia maratona da Cova da Moura com oferta de t-shirt “Voltem para África”

- Acção de sensibilização no Intendente “És drogado? Então não fazes cá falta!” – oferta de comprimidos de suícidio

- Cruzeiro Gratuito “Pérola Africana” onde os participantes têm de ser do continente Africano. Nota: o bilhete é apenas de ida.

- Regata “Um africano no mar” – Requisito obrigatório: os participantes não podem saber nadar

Atenção, que, como afirmam os organizadores destas iniciativas, nem a Frente Nacional, nem os extremistas de direita estão envolvidos nestas actividades. Parece, então, aos olhos do Inspector Serra que se trata de um bando de labregos racistas que acreditam que o problema das suas vidas se resolve com o recambiamento dos emigrantes. (o que será que difere da Frente Nacional?)

Cada vez há menos pachorra para aturar esta labregagem… se o Inspector Serra fosse Comandante Geral punha snipers no Hotel Mundial a atirarem balas de borracha a todos os grunhos que para ali fossem apregoar ao racismo e à xenofobia!

Sejam sérios.

Serra

Thursday, June 16, 2005

Gente Pobre

Boas tardes, malta amiga.

Quero começar este meu post por dizer que “odeio gente pobre!”

E agora, antes de ver a PJ invadida pela malta do pé descalço e do subsídio de desemprego, deixem-me dar a minha definição de gente pobre…

Gente pobre, tal como o Inspector Serra a vê, não é necessariamente o universo feito daqueles que ganham o ordenado mínimo ou os idosos que vivem de reformas de miséria. Antes pelo contrário - esta “gente pobre” que abomino tem geralmente bons empregos, boas remunerações, muitas das vezes até rendas fixas provenientes de investimentos ou imobiliário. No entanto, tal como a anoréctica que se olha ao espelho e vê sempre um mamute, tal acontece com este grupo com o sindroma da pobreza que, independentemente do número de zeros à direita que tenha no banco, se vê constantemente como um possível mendigo se não tiver cuidado ou se não se poupar aos gastos desmedidos que a sociedade de consumo lhe acena.

É bem verdade que também os há com o outro prisma – aqueles que teimam ser ricos à força não tendo pevide – mas, mesmo assim, esses pelo menos gozam melhor a vida e, amanhã, se lhes passar um autocarro por cima ficam cá as dívidas e o sentimento de que se disfrutaram bons momentos.

Mas a gente pobre não tem nada, e pior, não quer nada. Não tem interesses pois tudo o que parece divertido custa dinheiro, vestem-se com roupa de qualidade duvidosa pois afirmam e acreditam “Que isto das marcas é que inflaciona o preço… isto é tudo igual!”; nunca ou raramente viajam para o estrangeiro e, quando o fazem, vão até Espanha, com carros lotados de gente para dividirem a gasolina e as portagens.

Gente pobre raramente vai ao cinema pois prefere pedir emprestados DVD’s aos amigos ou então esperar que o filme dê na televisão; Quando o social implica necessariamente um jantar fora fazem questão de sugerir “mas um local assim não muito caro” e, uma vez lá, fazem olhares penetrantes àquele que teve o descaramento de pedir um vinho de 15€ quando ali estava o vinho da casa a 7.

Enfim… No fundo o ser pobre é um estado de espírito pois pobre não é aquele que não tem mas sim aquele que não dá valor ao que tem.

Gente pobre, caiam na real, sejam sérios.

Serra

PS: Partilhem com o Inspector Serra histórias de fuinhas para o Inspector Serra os colocar no arquivo de “Fuinhas a abater”.

Wednesday, June 15, 2005

Press Release

Boas tarde, comparsas deste nosso Portugal.

Há que dizer “Bolas…” como quem diz “com a breca…”

Deste o meu último post que os telefones não param, que o servidor de mail da PJ está entupido e que tenho de afugentar os jornalistas a tiro de caçadeira.

Perante tamanho sentimento penso ser minha obrigação fazer aqui o meu “press release” para minha defesa perante esses afoitos curiosos que me tentam denegrir.

Existiu alguma indignação sobre o tom sério e sentimentalista com que o Inspector Serra prestou a última homenagem ao Álvaro tendo-se criado uma panóplia de perplexidade no leitor como quem diz “Foda-se… o Serra passou-se? Virou bichona? Ou pior… Comuna?”

Antes de mais tenho a dizer que paneleiro é o senhor leitor! Sim… tu, ò fuinhazinho… não tivesse eu alguns kms de fio telefónico a distanciarem-me de ti, partia-te a boca toda! (sim, porque o braço da lei é comprido mas nem tanto). Se for uma senhora desse lado, peço desculpa, mas fui induzido em erro pela farta bigodaça!

Antes de mais afirmo que eu próprio parti muita perninha a esses amigos da foice e do martelo e, quando rastejavam pelo chão com dores, lhes susurrava a mítica frase: “Pois é… os índios também eram vermelhos e foderam-se”…

Se há coisa que me enerva em comunas são as suas roupinhas não só de má qualidade mas, igualmente, de clara falta de gosto – penso até tratar-se de um uniforme ou um código – como quem diz: “Olhó meu casaquinho de malha manhosa por cima da camisa abotoada até ao último botão. Vês como sou seguidor do Lenine?”.

Ò que porra, esses gajos deviam levar bastonadas até o botão cair do colarinho…

(Pausa)

(Inspector Serra nota que o Guedes tem o botão de cima abotoado)

(O Inspector Serra dá um aviamento forte e feio no Guedes)

(Inspector Serra volta ao artigo)

Enfim… vamos resumir que isto o tempo é curto e a malandragem anda por essas ruas a assaltar velhinhas ao esticão:

Deixem lá o Serra ter o seu momento de nostalgia com as figuras da sua infância como o Cocas, o Popas, o Cunhal, o Pinóquio…

E, pelo menos, deixem a carcaça do pobre homem arrefecer antes de começarem as piadas sobre a criatura…

Ou seja, deixem isso para amanhã!

Sejam sérios,
Serra

Tuesday, June 14, 2005

Morreu Álvaro Cunhal

Boas tardes, amigos leitores.

Hoje o Inspector Serra sente-se nostálgico não por ter ido buscar ao baú alguns dos sucessos dos anos 80 que possui em vinil nem tão pouco por ter adquirido o DVD da Abelha Maia ou do Verão Azul (quem não tem o Piranha na sua memória? Para não falar do viciante assobio…). Não foi, de facto, nada disso que puxou a lágrima no canto do olho do Inspector Serra mas sim uma morte, a morte de Álvaro Cunhal.

Existem pessoas no mundo que nos parecem perenes que, tal como o ar que respiramos, quase não damos por elas mas nos rodeiam, estão lá, existem… Álvaro Cunhal era uma delas, tão familiar como os nossos pais, e, quando desaparecem, sentimos que desaparece também um pouco de nós, um pouco da nossa história. Sentimos, por breves segundos, na pele, o fait diver de que a vida são, de facto, dois dias e todos, até os mais brilhantes, um dia, deixam este mundo.

O Inspector Serra nunca foi comunista, não pelo ideal em si mas pela falta de pragmatismo associada ao mesmo embora acredite que, se todos os homens fossem como Álvaro Cunhal, esse sonho (talvez) fosse possível.

Havia uma inspiração, um tom de musa, nos cabelos brancos e frases sentidas do sr. Cunhal, algo que cativava, algo que nos fazia arrepiar como apenas os grandes oradores (aqueles que não se limitam a dizer mas acreditam no que dizem) nos fazem sentir. Havia algo de grandioso, algo de épico, de sedutor, de lutador. Algo que, no fundo, todos nós tentamos atingir mas que, apenas alguns chegam a provar.

Desapareceu um exemplo de coerência e saber estar. Um modelo (quer se queira, quer não), um dos que nunca virou a cara à luta pelos seus ideais e pelas suas crenças, alguém que inspira, alguém que nunca viveu para si mas sempre pelos outros.

Desapareceu Álvaro Cunhal, mas vive e viverá sempre no coração daqueles que tiverem memória; desapareceu o homem de cabelos brancos, de frase dura e certeira, de ideal firme e inabalável; desapareceu um homem que sem ser do povo, lutava por ele e com ele se misturava; no fundo, desapareceu um homem bom.

Até sempre, Camarada Cunhal!

Serra

Wednesday, June 08, 2005

A classe bancária tem de ser a primeira a contribuir!

A frase não é minha mas do Sr. Jorge Coelho embora o Inspector Serra não possa estar mais de acordo.

É, de facto, uma vergonha andarem-se a encher à conta dos trabalhadores que necessitam de dinheiro para algo tão essencial como televisões de plasma, BMWs ou mesmo viagens a Bora-Bora. O estado deveria comparticipar tão necessárias aquisições mas, como estamos em crise e o défice anda a subir em flecha, cabe a esses bancários que, como o Sr. Carvalho da Silva afirma, têm milhares de milhões dar uma mão amiga ao seu conterrâneo que tanto precisa e tão pouco tem.

Haja paciência, sr. Coelho e todos os amigos do sindicato.

O sindroma do Robin Hood caiu em desuso quando a floresta de Sherwood foi abatida para se fazer um campo de golfe. Tirar dinheiro a quem é rico para dar ao estado é quase similar a pegar no dinheiro e atirá-lo fora. Passo a explicar:

À partida, quem tem dinheiro é quem sabe criar riqueza, logo quem investe e sabe investir, logo quem gere emprego e incentiva o crescimento económico logo, malta que deveria ter dinheiro para investir e fazer este país andar para a frente.

Do outro lado da medalha temos o estado que, rebenta dinheiro à toa e sem nexo (veja-se a Casa da Música ou o CCB), arruína as contas públicas, persegue os investidores e mantém um clima de funcionalismo público de péssima qualidade.

Enfim… o sentimento que se cria nas pessoas é o de que o que vale a pena é ser-se pobre, desempregado ou toxicodependente (preferencialmente as três coisas) pois isso é sinal de subsídio de pobreza, desemprego e reintegração social ou seja, vive-se que nem um marajá, tem-se tempo para ir à praia, passa-se por coitadinho aos olhos da sociedade e ainda se tem bons contactos para arranjar haxixe a preço de amigo.

O sr. Coelho fica com os pelos do pescoço eriçados ao ler as contas dos bancos, que ainda pagam o que têm a pagar, imagine como não ficaria, se fosse psique, e visse tudo aquilo que alguns têm estando com o subsídio de desemprego.

Persiga mas é essa malandragem e deixe a malta dos bancos trabalhar! Ou pensa que eles andam por lá a contar anedotas uns aos outros ou a escreverem blogs?

Seja sério.
Serra

Tuesday, June 07, 2005

Era uma mousse de chocolate com mostarda…

Boa tarde transeuntes.

Deparei-me hoje, enquanto tomava o meu pequeno almoço, com uma criatura de aspecto encardido que denominarei, de agora em diante, por ‘Gebo’ que solicitou um croissant de fiambre a acompanhar o seu JB matinal…

O Inspector Serra já se deparou com muita estranheza ao longo da sua carreira mas nada o deixa mais estupefacto que combinações alimentícias bizarras.

Desde sardinha com melancia a um tipo que pede a sua mousse de chocolate com mostarda de tudo já presenciou aqui o vosso amigo Serra.

Questiono-me, para além da óbvia questão do acto em si, de como terá sido a primeira vez – quando teve o Gebo a ideia de pedir um whiskyzinho em vez da meia de leite ou o outro que deve ter pedido por chantily e, como não havia, berra “Então traz-me a mostarda, pá.”

Já procurei insistentemente no código penal maneira de castigar estes freaks mas não há modo de pegar neles.

E, depois de uma mousse com mostarda, se calhar até de apanhar com o cacetete gosta… O Inspector Serra fecha os olhos a estas situações e tenta apagá-las da memória… mas fica sempre a questão: “Estará tudo doido? Será que alguém já viu, por este mundo fora, coisas ainda mais escabrosas?”

Sejamos sérios…

Serra

Monday, June 06, 2005

Caça ao post “intelectual”

Boas tardes, leitores.

Acabo de chegar de uma reunião com o Ministro da Administração Interna que me indicou explicitamente: “Serra, caça essa malta que anda por aí a ocupar espaço infindável de blogs com postzinhos intelectualóides e conselhos da treta” portanto cuidado, amigos, que a Operação Caça ao Post Intelectual está em marcha.

Desde comentários a livros, a análise da sociedade, análise técnica de acções, política… enfim… todos os assuntos são passíveis de punição desde que sejam tratados sem um tom humoristico ou de crítica feroz.

Desde já recomendo ao sr. Pacheco Pereira que faça as malas e vá ter com a Fátima Felgueiras ao Brasil. A sra. Bomba Inteligente é outra das que em breve pode começar a estudar e a dissertar o seu latim atrás das grades. Mas cuidado também ao anónimo utilizador pois a sombra da lei paira sobre todos e ninguém está a salvo de ter de enfrentar a justiça caso mantenham o tom aborrecido da vida quotidiana nos vossos posts.

Perguntarão: “Mas porque é que um operacional de forças especiais como o Inspector Serra está preocupado com isto? Porque é que não andará ele a caçar assaltantes ou malta violenta?” – a razão é simples: são, muitas das vezes, este tipo de post que leva as pessoas a enervarem-se e a tomarem atitudes violentas. Ou seja, atacamos o mal pela raiz; prevenimos em vez de remediar.

Poderão estar, igualmente, com a curiosidade de saber o que levou ao desencadear desta operação e, como o segredo de justiça já não é o que era, a resposta está no blog http://almiscarado.blogspot.com do qual sou leitor atento.

Embora, por exemplo o blog do Sr. Pacheco Pereira esteja para os posts irritantes como a Quinta do Mocho está para a criminalidade e seja, portanto, um espaço a evitar, eis que me deparei a ser, metaforicamente, assaltado em plena Quinta da Marinha ou seja, em pleno Almiscarado.

Traduzo: quando estamos habituados a determinada escrita sarcástica e divertida em todos os posts é com natural surpresa que nos vemos a ler uma critica literária de um romance de Jonathan Frazen. Sentimo-nos violentados, enganados, depois de termos num post anterior uma engraçada descrição de um taxista que descreve o Rossio como o Biafra somos confrontados com a ficção do Sr. Frazen e com a sua família imaginária composta pelo pai com Parkinson, a mãe controladora e os filhos frustrados. A fúria toma conta de nós, sentimos o tempo que demorámos a digitar H-T-T-P-:-/-/-A-L-M-I-S-C-A-R-A-D-O-.-B-L-O-G-S-P-O-T-.-C-O-M como o mais mal gasto de sempre e, claro, irritamo-nos e aqui o subalterno do lado, o Guedes, é que paga pois já levou umas quantas galhetas no trombil.

O Sr. Paiol, desta vez, pode seguir viagem com uma advertência mas, por favor, não reincida senão o Inspector Serra vai ter de o autuar e o pobre Guedes de continuar a apanhar . A todos os outros leitores deste post estejam atentos e tenham cuidado pois existe um agente da autoridade onde menos esperam.

Escrevam com sarcasmo e vernáculo, divirtam a malta que vos lê e deixem esses assuntos que não nos puxam um sorriso bem rasgado trancados na gaveta.

Isto tudo, claro, com muita seriedade.

Serra

O Alberto João

Bom dia cidadãos. Se é verdade que nunca houve é igualmente verdade que cada vez há menos paciência para aturar este senhor.

O rol de parvoíces e disparates que advêm da personagem em causa é tanto que, caso se fosse a escrever tudo em papel, as acções da Portucel seriam as acções de maior capitalização bolsista.

O caso é tão grave que não só as barbaridades não têm fim como ainda refere "Pedir desculpas a quem?", perguntou, acrescentando que, "para eles” – leia-se todas as pessoas com um QI acima de 1 - ” o Alberto João não tem direito a comer, nem a vestir, nem a calçar".

Eu discordo fortemente do sr. Jardim dizendo que nós (as tais pessoas com o QI superior ao de uma abóbora) ficaríamos satisfeitas se ficasse sem o direito a falar e, com essa concessão, certamente não lhe haveria de faltar comida, vestuário e calçado. Não é apenas por ser um mendigo intelectual que exigimos que se pareça com um, sr. Jardim.

Há que colocar um ponto final no desrespeito pela comunidade e pelas instituições que este parolo representa. Bem sei que Portugal é um país de parolos e de auto-flagelação onde quem diz que “Isto são só bandidos. Isto é uma vergonha!” consegue rapidamente um coro, da dimensão do de Sto. Amaro de Oeiras, para o acompanhar no refrão mas teremos realmente que fazer a nossa decisão – continuar a patrocinar estas acções pela indiferença como quem dá doces a uma criança obesa só porque ela os pede ou agir contra a ignorância e a estupidez, factores nos quais assentam todos os problemas estruturais do país.

Bem sei que o sr. Jardim não tem dimensão, que é uma larva perdida rodeada de Atlântico, mas como ele existem milhares, milhões… e, cada vez que se desculpabiliza o sr. Jardim, dá-se força e confiança a todos os outros para criar o seu contra poder, para questionar as instituições – no fundo para fazerem o que quiserem.

E nós, com os nossos brandos costumes, vamos na maré, na enxurrada de parvoíces e afundamo-nos com elas.

Toca a perseguir esses anormais e dar-lhes umas cacetadas, gente de bem. (qualquer semelhança com o discurso do sr. Jardim é pura coincidência)

Sejamos sérios.

Serra

Friday, June 03, 2005

Rapidinha do Inspector do Serra

"Se alguma coisa se pode dizer sobre a educação sexual nas escolas é que é insuficiente" afirma a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

Bem verdade... quantos alunos não sonham com as explicações de algumas professoras?

Seja séria, sra. ministra.

Serra

O referendo europeu

Viva caros leitores cumpridores da lei. O Inspector Serra, depois de mais de um mês sem vos dar cavaco tendo estado numa missão undercover algures pelo Bahrein, volta ao activo.

E assim que regressa depara-se com a classe política toda, com os seus nervos de pintassilgo, a verter suores frios pela Constituição Europeia não ter sido aprovada pelos franciús.

Logo se apressou o Cherne e os amigos a virem apelar à calma, vários líderes a pensar e repensar o que fazer ou como actuar – Adia-se? Não se adia? Faz-se? Não se faz?

Enfim… fosse o Serra a mandar nisto e a coisa já estava aprovada e aprovada em três tempos pois era o Serra que decidia e, como o juiz, decidiu, está decidido. Mas nããão... o apelo à chamada “democracia” fala mais alto para estes palhaços que nos representam que, em vez de fazerem o seu trabalho preferem que as poucas decisões importantes recaiam sobre todos nós e nos lixem mais um dia de fim de semana para ir às urnas.

Mas pronto… mesmo assim, era mau mas não era do pior pois estes totós que, ao contrário do Telmo, nem nunca foram à tropa, decidem que hão-de aprovar o dito tratado à força e planeiam manigâncias maquiavélicas para conseguir convencer o parolo do eleitor a reflectir e a dizer à sua própria triste figura: “Epá… se calhar isto do tratado nem é assim tão mau…”

No fundo relembra-me nostalgias do meu tempo de infância onde a equipa de futebol infantil onde o Inspector Serra actuava ganhava sempre – se havia falta a meio campo o Serra decidia que era penalty, quando se mandava um puto para o hospital afirmava-se convictamente que não só não tinha sido falta como o futebol não era para meninas ou, quando o raio dos putos, qual enguia escorregadia, nos escapavam aos pontapés e conseguiam marcar golo logo os informávamos que o golo tinha sido precedido de fora de jogo e, portanto, invalidado.

É isto que me relembram estes “referendos” onde, quando o resultado não nos interessa, fazemos outro ou lhe damos a volta.

Não que isso tenha algo de mal (tal como os meus jogos de futebol não tinham) mas, se o querem aprovar aprovem-no e, deixem-nos continuar com as nossas idas à praia na companhia de uma Sagres sem a sombra da responsabilidade política a pairar sobre os nossos ombros.

Sejamos sérios!

Serra